segunda-feira, 13 de maio de 2013

Prejuízo causado pela estiagem atinge todos os Estados do NE

Dizimação do rebanho bovino tem causado serios prejuísos á economia
 
Considerada pelos governantes como a pior seca dos últimos 50 anos, a estiagem que atinge o Nordeste e parte de Minas Gerais desde 2011 já provocou prejuízos que superam a cifra de R$ 3,6 bilhões em perdas diretas nas lavouras.
Além dos prejuízos causados na lavoura e na pecuária, a seca também trouxe desemprego para o campo e afetou a exportação de produtos da região, como o mel de abelha.
Reportagem produzida e publicada na Folha de S.Paulo, pelos jornalistas Nelson Barros de Salvador e Renata Moura do Rio Grande do Norte, abordou um retrato detalhado da situação.
Para o economista-chefe do IBGE em Natal, Aldemir Freire, se forem levadas em conta todas as perdas, o prejuízo na produção chegaria a R$ 6,8 bilhões, tendo em vista que nos levantamentos feitos pelos governantes não foram computados os quase 5 milhões de cabeças de gado perdidas entre 2011 e 2012.
Na pecuária nordestina, a projeção é de redução de 16,3% no rebanho de 29,6 milhões de cabeças em 2011. Somente no RN, os produtores rurais estimam uma perda de mais de 35% do rebanho bovino. Ao todo, 140 municípios dos 167 do Estado estão em situação de emergência.
No vizinho Estado do Ceará, 96% das cidades estão em estado de emergência devido à estiagem, com a produção agrícola caindo de 1,9 milhão de toneladas para 230 mil toneladas. Apenas 30% das áreas agricultáveis têm algum plantio.
A seca também tem causado desemprego no setor agropecuário. Na comparação com 2011, quando foram criados mais de 13 mil empregos com carteira assinada, 2012 registrou déficit de 18 mil vagas - marca recorde na década.
O número de pessoas com emprego no setor, que era de 244.825 pessoas em 2012, fechou março deste ano em 223.640.
O cenário se agrava porque a maioria dos atingidos pela estiagem é de produtores sem carteira assinada que “perderam os meios que tinham para sobreviver”, na descrição de Gilberto Silva, da Federação Potiguar dos Trabalhadores em Agricultura.
Queda na produção de castanha e mel reduz exportação
A exportação também acabou sendo prejudicada com a seca, principalmente o RN e o Ceará, que são responsáveis por mais de 80% da produção e exportação de castanha de caju. Atualmente, o Nordeste responde por quase 100% da exportação de castanha de caju e por 27% da venda de mel de abelha. A produção de mel no RN neste ano foi praticamente zerada, o que trouxe queda na exportação.
Em termos de Nordeste, a produção de mel registrou uma redução de 53% em relação a 2011. Para a castanha, o valor exportado caiu 18%.
Com a escassez de produto local, as beneficiadoras passaram a importar castanhas da África. “Isso aumentou custos em 15%, elevou o preço e reduziu o valor exportado”, diz Felipe Timbó, gerente da Iracema, que tem unidades no RN e Ceará.
Na opinião de Aldemir Freire, o impacto econômico da atual seca tem sido amenizado pelas ações governamentais de transferência de renda, acesso ao crédito e recuperação do valor do salário mínimo e, mesmo assim, a situação é muito crítica. Até o dia 10 de abril, pelo balanço mais recente, 1.367 municípios e 10,4 milhões de brasileiros sofriam os efeitos da estiagem, e a previsão ainda é de mais seca entre junho próximo e fevereiro de 2014.

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