domingo, 19 de setembro de 2010

RIO AGONIZA ENQUANTO AGUARDA COMITÊ

Há mais de um ano, pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) e da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, com apoio da Petrobras, concluíram um estudo mostrando que a poluição do rio Apodi/Mossoró por esgotos, lixo e a destruição da mata ciliar estava, aos, poucos, matando-o. O resultado não sensibilizou as autoridades.
O rio continua morrendo e numa velocidade que preocupa os pesquisadores. O professor-doutor Gustavo Henrique Gonzaga da Silva, da Ufersa, que monitora periodicamente da bacia hidrográfica da nascente nas encostas do município de Luis Gomes ao desaguar no litoral do município de Grossos, acrescenta outro motivo de preocupação: queimadas das encostas.
E as queimadas que mais preocupam são nas encostas de serras na região de Luís Gomes, nascendo do rio Apodi-Mossoró. Gustavo Henrique observa que essas queimadas já afetam inclusive os animais silvestres da região, como macacos, veados, tatus, entre outros, além de permitir que as enchentes fechem o leito do rio, provocando inundação nas áreas urbanas.
A cidade de Pau dos Ferros, que conta 30 mil habitantes e tem menos de 20% de sua área urbana saneada, contribui com a poluição, injetando seus esgotos residenciais no rio, que corta o centro da cidade. O mesmo fazem as cidades de São Francisco do Oeste e Itaú, que não têm saneamento. A barragem de Santa Cruz, principal reservatório da bacia, ainda apresenta água de boa qualidade.
A cidade de Apodi também continua poluindo, com esgotos, assim como Felipe Guerra e Governador Dix-sept Rosado. O professor explicou por que a água do rio em Governador Dix-sept Rosado é boa. É que existe uma gruta, chamada Poço Feio, que aflora água termal, que torna o rio perene com água razoavelmente boa até a barragem de Genésio, em Mossoró.
Com menos de 40% de sua área urbana saneada, Mossoró joga mais esgotos no leito do rio, sendo os mais contaminados os trechos de braços na Ilha de Santa Luzia. Na região entre Mossoró e o desaguar em Grossos, a mata ciliar praticamente não existe e as salinas contribuem com a poluição.
Na região de Grossos, as marisqueiras sofrem as consequências de todo o processo de destruição da mata ciliar, com poluições por esgotos, lixo de todo o percurso do rio Apodi/Mossoró. "Os invernos de 2008 e 2009 jogaram em Grossos quase um metro de proteínas, provocando a mortandade dos moluscos", denuncia.
O pesquisador Gustavo Henrique insiste na proposta de o Governo do Estado criar o Comitê de Bacia. "Precisamos parar as queimadas, recuperar a mata ciliar, fazer o saneamento das cidades, criarem aterros sanitários controlados e desenvolver uma política permanente de conscientização e fiscalização do uso abusivo do leito do rio. Essas são as sugestões para o próximo governo." Fonte: de fato

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