quinta-feira, 2 de setembro de 2010

EM HOLAMBRA SP, CULTIVO DE FLORES ATRAVESSA GERAÇÕES.

O avô foi o primeiro a chegar, na década de 1940. O pai continuou com o negócio e hoje o engenheiro agrônomo Arien Van Vliet, de 29 anos, prevê passar o resto de sua vida cultivando antúrios de vaso. De origem holandesa, a família dele é uma das 200 que produzem flores em Holambra, a 133 km de São Paulo. Na cidade que recebeu imigrantes holandeses, o cultivo de plantas atravessa gerações. E, nesta quinta-feira (2), quando começa a Expoflora, a expectativa deles é ainda maior.

Em sua 29ª edição, a exposição e comercialização de plantas ornamentais é o momento de lançar tendências, colocar novas flores no mercado e atrair clientes. “A Expoflora é a oportunidade de apresentar produtos”, diz Van Vliet, também animado com a chegada da primavera com o mercado aquecido. “O brasileiro está comprando mais flor. Há uma transferência de classe social. Da C para a B, da B para a A”, exemplifica o produtor.

É em uma estufa que cheira a terra molhada – o antúrio não tem perfume – que os Van Vliet guardam os cerca de 12 mil vasinhos que produzem por mês. “Fizemos um investimento e, em outubro, queremos cultivar de 15 mil a 18 mil vasos por mês”, afirma o engenheiro agrônomo, nascido e criado nos campos da fazenda. “Cresci no meio das flores. Nunca pensei em fazer outra coisa.”

Caminhando pelos canteiros de antúrios, Van Vliet conta que o avô chegou em Holambra e tentou fazer dinheiro com a pecuária. O negócio não deu frutos e ele partiu para o ramo de flores. Primeiro, a gérbera de corte. Depois, o antúrio de corte (plantado na terra, em jardins, por exemplo) e, atualmente, o antúrio de vaso. O rapaz diz que tem clientes em todo o Brasil e a maioria se concentra no Sul. Para que as flores, que brotam nas cores laranja, vermelho, branco e rosa, não cheguem murchas ao destino, são transportadas em caminhões refrigerados.

“A rentabilidade do antúrio de vaso é maior. Tem mais valor agregado”, revela o produtor, que envia sua mercadoria para floriculturas e distribuidoras. Ele ensina que, para durar mais, a flor deve ser deixada na sombra, ser regada “uma ou duas vezes por semana” e adubada uma vez por mês. “Dura uns três meses. Se bem cuidada, pode durar seis meses.”

Em Holambra, onde tudo lembra flores e colonização holandesa, como moinhos e pratos típicos, a primavera antecipada com a Expoflora é comemorada por quem vive desse mercado. “A perspectiva é crescer 15% neste ano. E por que o setor cresce? Porque para flor e planta não tem resistência. Todo mundo gosta”, aposta Kees Schoenmaker, presidente do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor).
Para garantir a produção e evitar surpresas desagradáveis, na propriedade de Arien Van Vliet a estufa mantém a temperatura ambiente a 27ºC durante o dia e 18ºC à noite. As sementes vêm da Holanda, mantendo o “melhoramento genético” da planta. O engenheiro agrônomo calcula ter uns três concorrentes diretos na região – a maioria da produção é de rosas. Questionado se os produtores são todos amigos, ele é democrático e ri: “A gente conversa normalmente, mas não abre as portas”.

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