Henrique, Garibaldi e outros potiguares com Guido 
Mantega
Brasília (DF) – O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, 
esteve no Ministério da Fazenda, acompanhado do ministro Garibaldi Filho, da 
Previdência Social, para um encontro sobre a seca no Nordeste com o ministro 
Guido Mantega. O deputado apresentou ao ministro Mantega uma série de problemas 
constatados durante reuniões com produtores, criadores e trabalhadores rurais do 
sertão de Angicos e da região do Seridó, no Rio Grande do Norte.
A reunião contou a participação de representantes dos produtores, através 
dos presidentes da Federação da Agricultura do Rio Grande do Norte (Faern), José 
Vieira; e da Associação dos Pequenos Agropecuaristas do Sertão de Angicos 
(Apasa), Marcone Angicano. O secretário de Agricultura, Júnior Teixeira, 
detalhou os problemas e suas causas e apresentou as possíveis soluções. A equipe 
técnica do ministro também acompanhou as discussões e ficou de analisar as 
proposições.
A principal reivindicação foi a suspensão imediata das execuções e dos 
leilões dos bens dos produtores rurais que, além de perderem os rebanhos por 
falta de pasto e ração, estão perdendo suas propriedades para os bancos oficiais 
e, mesmo sendo executados, os produtores ainda não conseguem liquidar as dívidas 
acumuladas e renegociadas ao longo dos anos. Muitas dívidas foram  contraídas 
antes do Plano Real. 
“A legislação que trata da renegociação da dívida rural atual vem desde os 
anos 90 e não resolveu o problema do endividamento do produtor do semiárido”, 
argumentou o deputado Henrique Eduardo Alves. Ele repetiu o que ouviu no 
interior do Rio Grande do Norte citando leis, decretos, resoluções do Conselho 
Monetário Nacional e normativas dos bancos oficiais. “Em consequência, os 
agentes financeiros promovem a execução dos mutuários levando seus bens a leilão 
em pleno ambiente de seca”,  ressaltou o deputado.
O secretário Júnior Teixeira disse que as condições oferecidas ao homem do 
campo não foram adequadas à situação dos produtores. O secretário pediu ao 
ministro Guido Mantega para estender aos pequenos e médios produtores as mesmas 
condições constantes no Programa de Agricultura Familiar (Pronaf).
Para o secretário, a oferta das linhas de crédito do Fundo Constitucional 
do Nordeste (FNE) pelos bancos do Brasil e Caixa Econômica Federal e não 
exclusivamente pelo Banco do Nordeste, facilitaria o acesso ao crédito rural, 
inclusive a linha de crédito emergencial da seca. Júnior Teixeira citou o 
exemplo do Rio Grande do Norte onde, no ano passado, apenas 28% dos recursos do 
FNE ficaram na zona rural. O restante foi para a indústria (19%) e o comércio 
(53%). 
A burocracia, segundo o secretário, ainda gera desigualdade no campo. Dos 
recursos emprestados aos produtores rurais do estado, em 2012, somente 1.277 
contratos eram de pequenos e médios produtores. Os demais contratos, 27.252 
foram assinados pelos pronafianos. “Dos pequenos e médios produtores que nós 
representamos são exigidos 23 documentos e um projeto técnico para se ter acesso 
ao crédito emergencial. Já para os agricultores familiares não há burocracia. A 
concessão do crédito emergencial demora até quatro meses para ser efetivado", 
disse Júnior Teixeira da Faern.
 O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Norte lembrou que 
a extinção progressiva do rebanho e de culturas permanentes é a perda mais 
relevante imposta a economia rural nordestina pela seca continuada. José Vieira 
defendeu o fim do teto de R$ 100 mil para o crédito estiagem de custeio  e 
investimento. Para a Faern o financiamento deve atender a necessidade e 
capacidade de cada produtor para custeio pecuário e recuperação de culturas 
permanentes.
 Marcone Angicano, da Apasa e o prefeito de Afonso Bezerra, Jackson Bezerra, 
que também é produtor rural, argumentaram que os produtores já pagaram muito 
mais do que deviam e não conseguem se livrar da rolagem da dívida rural que na 
região nordeste é estimada em R$ 14 bilhões.  “O banco faz de conta que vai 
receber e o produtor sabe que não vai poder pagar, mas se submete às condições 
impostas na renegociação com a esperança de que terá uma solução futura”, 
sentenciou o assessor jurídico da Apasa e da Associação Norte-riograndense de 
Criadores (Anorc), Guilherme Silva.  O advogado dimensionou o tamanho do 
problema citando que acompanha mais de 500 processos judiciais no Rio Grande do 
Norte e estados vizinhos.
Os produtores ainda pediram a inclusão na Medida Provisória 610, em 
tramitação no Congresso Nacional,  sobre a temática da seca no Nordeste, 
condições de renegociação para quem contraiu dívidas entre 2007 e 2011. A MP só 
trata de dívidas até 2006. Uma das alternativas propostas pela comissão reunida 
no Ministério da Fazenda, foi abrir negociação com o governo para ampliar uma 
emenda apresentada pelo deputado João Maia (PR-RN) que atende, ainda que 
parcialmente, as reivindicações apresentadas durante o encontro agendado pelo 
deputado Henrique Eduardo Alves. 
“Não podemos continuar convivendo com uma economia rural quebrada onde quem 
produz e gera empregos perde o rebanho e fica endividado”, disse o presidente da 
Câmara dos Deputados. Henrique Eduardo Alves defendeu a elaboração de um 
estatuto de crédito rural para o Nordeste com normas adequadas ao semiárido e ao 
regime das secas. 
Fonte: Câmara dos Deputados
 
 
 
 
 
 
 

 
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