Subordinação à especulação imobiliária e aos interesses da indústria da construção civil, e negligência do governo na construção de habitações sociais são causas da tragédia no Rio de Janeiro, diz professor da UFRJ.
A dimensão humana da tragédia provocada pelas chuvas no estado do Rio de Janeiro é mostrada também na Europa, nas imagens de rios que se abriram em encostas e da busca e resgate das vítimas. Até a tarde desta quinta-feira (13/01), haviam sido contabilizados mais de 350 mortos e as chuvas persistiam hoje ja passam de 550.
O grande volume de água provocou deslizamentos de terra nas cidades serranas de Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis. O governador do estado, Sérgio Cabral, declarou que recursos estão sendo providenciados para a reconstrução dos municípios – importantes centros turísticos – que sofreram "em função de uma força da natureza, combinada com ocupação irregular do solo".
"Com todo respeito ao governador, essa é uma declaração absolutamente tola. A culpa pelas tragédias desse tipo não é da natureza. (...) Não existem tragédias naturais, só existem tragédias sociais, que se resumem na forma em como a sociedade organiza a ocupação e sua relação com o ambiente", contesta Carlos Vainer, especialista em planejamento urbano e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
As cidades mais afetadas têm em comum o fato de se localizarem em áreas montanhosas, na cadeia da Serra do Mar. Segundo pesquisadores, a região sofre há décadas com ocupação ilegal e irresponsável. O próprio governador teria culpado as prefeituras por não coibirem as construções em áreas de risco.
Subordinação e negligência
Sob a ótica do especialista Carlos Vainer, trata-se de uma questão histórica. Para ele, dois fatores determinam a distribuição do espaço urbano no Rio de Janeiro: a subordinação da cidade à especulação imobiliária e aos interesses da indústria da construção civil, "e a negligência total do governo na construção de habitações de interesse social".
"Devido à falta de habitações para a população pobre, essas pessoas se dirigem a áreas de grande inclinação sujeitas a desmoronamentos", ressalta Vainer.
Nesse episódio recente, entretanto, alguns bairros ricos e condomínios fechados, como na cidade de Petrópolis, foram intensamente atingidos. "E isso mostra a negligência do poder público ao ser condescendente com a especulação imobiliária e autorizar projetos que não poderiam ter sido licenciados. Mas os interesses fundiários e da indústria da construção civil falam mais alto".
O pesquisador ressalta ainda outra questão polêmica. "As mortes, toda essa tragédia, não são provocadas pela falta de recursos. Dinheiro tem. Ele só está sendo gasto de forma errada, desproporcional".
Por Nádia Pontes*
A dimensão humana da tragédia provocada pelas chuvas no estado do Rio de Janeiro é mostrada também na Europa, nas imagens de rios que se abriram em encostas e da busca e resgate das vítimas. Até a tarde desta quinta-feira (13/01), haviam sido contabilizados mais de 350 mortos e as chuvas persistiam hoje ja passam de 550.
O grande volume de água provocou deslizamentos de terra nas cidades serranas de Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis. O governador do estado, Sérgio Cabral, declarou que recursos estão sendo providenciados para a reconstrução dos municípios – importantes centros turísticos – que sofreram "em função de uma força da natureza, combinada com ocupação irregular do solo".
"Com todo respeito ao governador, essa é uma declaração absolutamente tola. A culpa pelas tragédias desse tipo não é da natureza. (...) Não existem tragédias naturais, só existem tragédias sociais, que se resumem na forma em como a sociedade organiza a ocupação e sua relação com o ambiente", contesta Carlos Vainer, especialista em planejamento urbano e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
As cidades mais afetadas têm em comum o fato de se localizarem em áreas montanhosas, na cadeia da Serra do Mar. Segundo pesquisadores, a região sofre há décadas com ocupação ilegal e irresponsável. O próprio governador teria culpado as prefeituras por não coibirem as construções em áreas de risco.
Subordinação e negligência
Sob a ótica do especialista Carlos Vainer, trata-se de uma questão histórica. Para ele, dois fatores determinam a distribuição do espaço urbano no Rio de Janeiro: a subordinação da cidade à especulação imobiliária e aos interesses da indústria da construção civil, "e a negligência total do governo na construção de habitações de interesse social".
"Devido à falta de habitações para a população pobre, essas pessoas se dirigem a áreas de grande inclinação sujeitas a desmoronamentos", ressalta Vainer.
Nesse episódio recente, entretanto, alguns bairros ricos e condomínios fechados, como na cidade de Petrópolis, foram intensamente atingidos. "E isso mostra a negligência do poder público ao ser condescendente com a especulação imobiliária e autorizar projetos que não poderiam ter sido licenciados. Mas os interesses fundiários e da indústria da construção civil falam mais alto".
O pesquisador ressalta ainda outra questão polêmica. "As mortes, toda essa tragédia, não são provocadas pela falta de recursos. Dinheiro tem. Ele só está sendo gasto de forma errada, desproporcional".
Por Nádia Pontes*
Nenhum comentário:
Postar um comentário