domingo, 5 de dezembro de 2010

Apicultura se prepara para alçar novos voos no estado

Até meados da década de 90, homens se enveredando pelo mato com vasilhames nas costas e facas nas mãos eram personagens comuns de se ver em áreas que registravam presença mais forte de abelhas, no Rio Grande do Norte. Os caçadores de mel, ou meleiros, como ficaram conhecidos, estavam em busca de enxames, de onde pudessem retirar o produto e, com a venda dele, uma fonte de renda extra. Hoje, quase duas décadas depois, a atividade continua, mas o sistema de trabalho em nada lembra o dos caçadores. “Nossa história agora é outra”, diz Antônia Marinho dos Santos, 38, trabalhadora rural que junto a milhares de outros homens e mulheres ajudou a mudar a cenário e fez nascer no estado a apicultura, atividade de criação de abelhas por processos racionais que fez avançar em mais de 2.000% a produção de mel nos últimos 10 anos e, cada vez mais organizada e profissional, planeja ampliar a presença em mercados não só dentro, mas fora do Brasil.

Os pequenos produtores, que hoje vendem a produção a grandes empresas exportadoras, querem passar a vender o mel de forma direta, com primeira parada na Europa. A expectativa é inciar os embarques no primeiro semestre de 2011. A comercialização indireta ao consumidor final no exterior é uma das dificuldades enfrentadas por eles hoje. “Quem negocia o mel da agricultura familiar, dos apicultores da agricultura familiar, são as grandes empresas. O apicultor não vai ter um preço justo para a produção porque não consegue vender ao consumidor diretamente”, diz o presidente da Federação de Apicultura do Rio Grande do Norte, José Hélio Moraes da Costa, mais conhecido como Cabo Hélio.

Os esforços para reverter a situação, de acordo com ele, já começaram em várias frentes. O trabalho inclui desde capacitação e sensibilização dos produtores, para que cada vez mais atuem de forma coletiva e organizada ganhar força, até a adequação das casas de mel e dos entrepostos às exigências do Ministério da Agricultura.

Nesse trabalho, os pequenos produtores têm contado com a ajuda de diversos parceiros. O Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por exemplo, têm ajudado a implantar boas práticas de produção e fornecido orientação para que obtenham certificações indispensáveis para a venda da produção no mercado formal.

ADEQUAÇÃO

Entre outras etapas que os apicultores precisam cumprir nessa direção está a obtenção do Sif, o Serviço de Inspeção Federal, que é um um sistema de controle do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil que avalia a qualidade na produção de alimentos de origem animal comestíveis ou não comestíveis. Os produtos aprovados recebem um selo de aprovação desses erviço, indispensável à comercialização dos produtos. “Nosso desafio é ter esse selo e também o selo do comércio justo e solidário, que vai permitir que vendamos nossa produção no exterior. A intenção é começar a exportar para a Itália”, diz Cabo Hélio, que tem atuado diretamente no processo de adequação da atividade.

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