sexta-feira, 6 de agosto de 2010

CORRIDA PARA A COPA ( E OLIMPÍADAS ) NO BRASIL.

A mídia já acendeu a luz amarela. Para grande parte da imprensa, as principais obras para a Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, estão atrasadas. A menos de um ano para o primeiro evento, o sorteio para as eliminatórias, os meios de comunicação alertam a sociedade e autoridades para o fato de que questões estruturais precisam ser tratadas com urgência. Além das obras dos estádios de futebol – que na visão de especialistas podem se tornar "elefantes brancos" ao final do campeonato em cidades de menor porte –, projetos para as áreas de segurança, transportes e hotelaria precisam sair das pranchetas o quanto antes. O Observatório da Imprensa exibido na terça-feira (3/8) pela TV Brasil discutiu o papel da mídia no acompanhamento dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014.

Para discutir essa questão, o jornalista Alberto Dines recebeu no estúdio do Rio de Janeiro Carlos de La Corte, consultor de estádios do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo 2014 e responsável pela interface com os departamentos técnicos da FIFA, e Jorge Luiz Rodrigues, editor-assistente de Esportes e colunista do "Panorama Esportivo" do jornal O Globo. Jorge Luiz cobriu seis Copas do Mundo e cinco Jogos Olímpicos. Foi correspondente do jornal na África do Sul nos seis meses anteriores à última Copa. Em São Paulo, o convidado foi Wagner Vilaron, repórter e colunista do jornal O Estado de S.Paulo e comentarista dos canais Sportv. Vilaron cobriu a Copa América de 2001, a Copa do Mundo de 2002 e a Copa das Confederações de 2003.

Antes do debate no estúdio, na coluna "A Mídia na Semana", Alberto Dines comentou o aniversário de um ano da censura ao jornal O Estado de S.Paulo. Uma determinação do desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), impede o jornal de publicar informações sobre a Operação Faktor, da Polícia Federal, que investiga as empresas de Fernando Sarney, filho do presidente do senado, José Sarney (PMDB-AP). "O dono do Maranhão não quer que o jornal investigue os negócios de sua família no estado, muitos menos os 500 atos secretos que a mesa do Senado promulgou impunemente ao longo de 15 anos. O Brasil é uma democracia, mas falta muito para que esta democracia funcione para todos", afirmou.

Panorama pessimista
Ainda antes do debate ao vivo, em editorial, Dines destacou que a abertura da Copa, programada para junho de 2014, é um marco simbólico, mas que um ano antes, na Copa das Confederações, os estádios já devem estar prontos. "Esta Copa será o nosso vestibular para ingressar no seleto clube dos países organizados, disciplinados, competentes e responsáveis", disse, e classificou o papel da imprensa como fiscalizadora dos preparativos como "crucial".

A reportagem exibida no programa entrevistou jornalistas e especialistas no tema. Carlos Roberto Osório, que foi secretário-geral dos Jogos Panamericanos de 2007, realizados no Rio de Janeiro, avaliou que o grande desafio do Brasil é encarar a responsabilidade que assumiu desde o momento inicial e trabalhar de maneira organizada e integrada. "O pior inimigo da preparação do Brasil nestes eventos [a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016] é a letargia", ponderou.

Osório avaliou que esses grandes eventos esportivos são "eventos de mídia", com alcance global e local. "O grande desafio da mídia e do organizador do evento é estabelecer esta relação uniforme desde o primeiro momento", disse. É importante a participação constante da imprensa para que ela possa entender "a lógica do evento" e a dinâmica da organização. Para Osório, é natural que haja uma oscilação no interesse da mídia sobre o assunto nos quatro anos que precedem a realização do evento.

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