domingo, 25 de julho de 2010

SÃO PAULO: SE É CARO PRA VIVER, MORRER É PIOR.

É caro viver em São Paulo. Morrer também. A "lógica" da valorização imobiliária, em que o preço cobrado é o que o mercado está disposto a pagar, prova isso. O metro quadrado de nove cemitérios da capital é tão ou mais caro do que o de casas e apartamentos em seus bairros.
Quem pretende comprar um terreno ou jazigo no Cemitério Parque dos Girassóis, em Parelheiros, na zona sul, por exemplo, começa pagando R$ 9.403 pelo metro quadrado e pode chegar a R$ 25 mil, se quiser adicionais, como ossário ou maior número de gavetas. O metro quadrado em um imóvel da vizinhança custa quatro vezes menos.
À procura de apartamento na região do Morumbi, na zona sul, onde estão três dos cemitérios mais caros da cidade, os recém-casados Andréia e Renato Malta, ambos de 26 anos, se surpreenderam mais com o valor dos jazigos do que com o dos imóveis. "É estranho imaginar que os nossos futuros vizinhos, que nem podem aproveitar a estrutura do local, pagaram mais do que nós", disse Malta.
Ali, os Cemitérios Gethsêmani e Morumbi refletem a valorização imobiliária do seu entorno: o preço do metro quadrado varia de R$ 2 mil a R$ 9.300. Isso é a lógica do mercado imobiliário, na visão do urbanista Renato Cymbalista. "Os cemitérios privados são um tipo específico de produção do solo imobiliário, que responde à lei de oferta e demanda, ou seja, o preço é o que o mercado se dispõe a pagar."
No caso dos cemitérios públicos, os valores são atribuídos também ao seu prestígio, afirma o geógrafo Eduardo Rezende, da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (Abec). "Alguns abrigam famílias célebres da cidade ou personalidades, como o Araçá, o São Paulo e do Morumbi", afirma. Pagar mais por esses locais tem a ver com a busca pela diferenciação. "Mesmo depois da morte, o ser humano quer ter ou manter o status", diz.
É o que faz ser tão caro o jazigo no Cemitério da Quarta Parada, na Água Rasa, zona leste, que é público. O metro quadrado ali custa cerca de R$ 3.173, enquanto o dos imóveis vizinhos, R$ 2.672. "Podemos pensar em mudar de ramo", ironiza o corretor de imóvel Lauro Münggen.
Também na zona leste, vizinhos do Cemitério do Carmo, em Itaquera, estranharam o fato de o metro quadrado dos imóveis, em média R$ 2 mil, de acordo com a Empresa Brasileira de Patrimônio (Embraesp), custar menos do que o do cemitério, em torno de R$ 3.700. "Pagar mais para comprar um jazigo do que uma casa? Bem estranho. Nunca soube disso! E o que o cemitério tem para custar tanto?", questiona a dona de casa Eulália Figueira, de 45 anos.
A resposta, mais uma vez, inspira-se nos recursos imobiliários para a valorização: enquanto os imóveis se valem de infraestrutura, como playground, espaço gourmet e segurança, os cemitérios também se valorizam com os serviços que oferecem - capela, fraldário, ambulatório.
Hoje, quatro cemitérios na cidade oferecem jazigos gratuitos. De acordo com o Serviço Funerário da Prefeitura de São Paulo, na Vila Formosa, Vila Nova Cachoeirinha, D. Bosco e São Luís, a única taxa cobrada é de R$ 59, pelo sepultamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um comentário:

Anônimo disse...

C A R T A D E N Ú N C I A
DESAPROPRIAÇÃO DA CHAPADA DE APODI/RN

Sou membro de uma família camponesa serrana, cuja prole é de 06 (seis) filhos, contando hoje com 49 anos de idade. Meu pai para nossa maior alegria completou ontem (03.06.10 - dia Santificado de Corpus Cristi) 89 anos de vida pacífica, cuja índole merece respeito e admiração, com perfeita saúde e total lucidez.
Nascemos todos nesse torrão rachado da serra de Apodi/RN, hoje mais conhecida como chapada de Apodi, ambicionada por empresários vorazes e outros que tentam usurpá-la do nosso domínio, deixando-nos à margem do abandono e do esquecimento como sempre temos vivido, apesar de exercermos o direito do voto na escolha dos nossos governantes que tudo prometem e nada fazem.
Vivi, ao lado de meu pai e de meus irmãos, no decurso desses anos de camponês sofrido e abandonado, bons invernos, por vezes enchentes cruéis, como também vivemos o drama terrível de várias secas por vezes até consecutivas.
Assistimos com tristeza, sob um sol causticante e inclemente, a fome devorar quase por completo nossos pequenos rebanhos de gado e bode sem a ínfima condição de salvá-los. Mas quando a voz do trovão anuncia a chegada da chuva, o verde da paisagem serrana colorindo nossos olhos, enche-nos o coração de alegria, a alma de felicidade! E é nesse estado de arrebatamento íntimo que vejo quão profundo é o amor que sentimos por essa TERRA.
Meus pais, avós e outros ascendentes também fizeram histórias nessas paragens, quando os recebeu em seu solo bendito, os criou, os alimentou, resguardando com esmero rastros inapagáveis de tantas gerações.
Enfrentaram eles, àquela época remota feras vorazes como onças-vermelhas, onças-pintadas que perseguiam e desfalcavam seus rebanhos caprinos, ovinos e bezerros recém-nascidos, por vezes matando o onceiro (cão caçador de onça) e enfrentando o próprio homem quais lobos famintos e traiçoeiros.
Hoje, extintas tais feras surgiram outras, MAIS, MUITO MAIS avassaladoras - o HOMEM! Este sim vem destruindo todos os nossos sonhos, nossa paz, nossas terras, porquanto as desapropriando, blefando para nossa população pouco instruída, desenhando um quadro belíssimo através de um falso projeto de irrigação, que não passa de lavagem de dinheiro, como se constata nos demais projetos de irrigação dos Estados do Ceará e do Pernambuco, todos em total falência.
Quando não conseguem iludi-los, fazem ameaças, invadem as terras sem comunicar ou pedir permissão aos seus proprietários, abrindo picadas, colocando marcos, se sobrepondo ao direito de propriedade particular amparado pela Constituição Federal.
Perguntei em um desses dias ao meu pai: Pai, como o senhor Receberia a notícia da desapropriação de nossa terra?
Vi a tristeza estampar-se em seu semblante, seu sangue parecia esvair-se do seu rosto, tive medo! Arrependi-me de tal questionamento.
Ele, com muita dificuldade respondeu-me, com voz trêmula e sumida: Que Deus me tire desta vida antes dessa hora. Como se vê é uma morte antecipada para todos nós.
Que os governantes pretendem se reeleger defendam nossa causa, amparando nosso direito à propriedade privada. A G U R D A M O S...