sábado, 31 de julho de 2010

CIENTISTAS ENCONTRAM NOVAS ESPECIES DE RÉPTEIS NO PARÁ.

O Dendrobates tinctorius, sapo descoberto por especialistas em répteis, é uma das espécies descobertas na reserva - (Siggi Bucher/Reuters)
O Dendrobates tinctorius, sapo descoberto por especialistas em répteis, é uma das espécies descobertas na reserva.
Em sete expedições realizadas entre 2008 e 2009, cientistas encontraram espécies raras de plantas, peixes, mamíferos, aves, répteis e anfíbios no maior território de florestas tropicais intactas do mundo com 4.245.819 hectares – a Estação Ecológica (Esec) Grão-Pará , localizada na Calha Norte do Rio Amazonas, no Pará, um dos estados mais desmatados da Amazônia brasileira.
A pesquisa encomendada pela Secretaria do Meio Ambiente do estado resultou em um relatório divulgado pelo Museu Emilio Goeldi (MPEG) e pela Conservação Internacional (CI–Brasil) que, segundo a diretora do Programa Amazônia da CI, Patrícia Baião, vai orientar a exploração da região.
"O estado do Pará gerou um processo em que a ciência foi à frente do processo de desenvolvimento. Foram sete expedições biológicas envolvendo cerca de 30 pesquisadores e técnicos. Eles desbravaram uma imensa região até então desconhecida e produziram um diagnóstico ambiental por meio de avaliações ecológicas rápidas", ressaltou.
Patrícia explicou que na Esec Grão-Pará existem pontos de altitude elevada para os padrões amazônicos, denominados de platôs, que deram origem a um ecossistema específico e distinto de outras regiões da floresta.
Foram registradas em todas as áreas pesquisadas espécies nunca antes descobertas e outras típicas de regiões afastadas dali, como o sopé dos Andes, por exemplo.
O relatório apontou mais de143 espécies de peixes, 62 de anfíbios e 68 de répteis até o momento. Também foram registradas 355 espécies de aves, 61 de mamíferos e 778 de plantas. Os exemplares são de grande interesse para a indústria, a pesquisa científica e a conservação ambiental.
Dentre os animais encontrados na Esec em destaque está um pequeno lagarto, com apenas quatro dedos nas patas (o usual são cinco), antes apenas conhecido do Amapá. Vários anfíbios até então conhecidos apenas das Guianas foram também registrados no Norte do estado.
Segundo os pesquisadores, um número impressionante de 70 espécies da avifauna observadas na Esec Grão-Pará podem ser consideradas de especial interesse para conservação por serem endêmicas (só existem na região dos escudos das Guianas) ou raras, com distribuições locais na Amazônia.
Entre as 17 espécies que tiveram seu registro ampliado, o destaque é para a espécie Dacnis albiventris, comumente conhecida como o saí-de-barriga-branca, cujo registro inédito para o escudo das Guianas estende sua distribuição em mais de 1 mil quilômetros, desde a região do Alto Tapajós, onde a espécie foi documentada na década de 1960.
O registro de ocorrência na Esec do Morphnus guianensis, ave conhecida como uiraçu-falso, gavião considerado quase ameaçado pela União Internacional pela Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, da sigla em inglês), também chamou a atenção dos pesquisadores.
Das 61 espécies de mamíferos registradas, 21 (cerca de 35% do total registrado) são consideradas de especial interesse para a conservação por seu status de endêmicas, ameaçadas de extinção ou ainda por não terem sido descritas pela ciência. A onça-pintada, onça-parda, ariranha e tatu-canastra, inventariados na Esec, estão listados oficialmente como ameaçados de extinção no Brasil e no estado do Pará.
Os botânicos registraram 125 espécies de pteridófitas (grupo no qual são encontradas as samambaias e avencas) e 653 espécies de fanerógamas (árvores com flores), das quais cinco são espécies consideradas como ameaçadas de extinção no estado do Pará: muirapuama, angelim, araracanga, maçaranduba e itaúba. Dentre o conjunto de plantas encontradas na Esec Grão-Pará, os botânicos registraram também mais sete espécies consideradas em risco pela IUCN (2008) num contexto mundial.

Nenhum comentário: